Esta é a segunda vez pela qual passo por uma queda de mais de 70% no preço do Bitcoin, meu segundo “Bear Market”.
O primeiro confesso que foi bem agoniante, fazia pouco mais de um ano que tinha me tornado bitcoinheiro e ainda sentia que precisava provar para as pessoas à minha volta de que eu estava certo, que não tinha enlouquecido quando dizia que o protocolo de Satoshi seria a próxima base monetária mundial. Mas o preço não me ajudava.
De dezembro 2017 a dezembro 2020, foram três anos que o Bitcoin ficou a maior parte do tempo abaixo de dez mil dólares, fora isso, também foi uma época que os Faria Limers e a mídia financeira tradicional mundo afora ainda podiam ridicularizar a moedinha laranja sem medo reputacional.
Não foi um período fácil para um bitcoinheiro recém formado, que em muitos momentos era visto como maluco pela família e amigos e que estava, por muito tempo, com sua alocação em bitcoin abaixo d’água.
Mas agora, em retrospecto, posso afirmar que estes três anos mudaram minha vida. A quantidade de artigos e livros que li sobre história, computação e economia foi o equivalente a uma segunda faculdade, fora todos os satoshis baratos que pude acumular.
Neste segundo Bear Market, o sentimento dentro de mim é de nostalgia e conforto. Quando o preço do Bitcoin não está quebrando recordes atrás de recordes, a quantidade de scammers no ecossistema é menor, o maximalismo volta à moda e a comunidade foca na construção de infraestrutura tecnológica e educacional. Além dos satoshis baratos que podemos acumular todo mês 😉.
Eu não sabia, mas estava com saudades de um bear market.
A parábola do fazendeiro chinês:
Era uma vez um fazendeiro chinês. Um dia, um dos seus cavalos fugiu. Os seus vizinhos vieram falar com ele, e comentaram como aquele acontecimento era um infortúnio. O fazendeiro respondeu: “Pode ser”.
No dia seguinte, o cavalo que fugiu voltou, e trouxe com ele sete cavalos selvagens. Os vizinhos apareceram novamente, dizendo que isso era uma grande sorte. O fazendeiro respondeu: “Pode ser”.
Depois disso, o filho do fazendeiro tentou domar um dos cavalos selvagens e caiu, quebrando uma perna. Os vizinhos vieram lamentar o ocorrido, dizendo que aquilo era muito mau. O fazendeiro respondeu: “Pode ser”.
No dia seguinte, oficiais do exército que estavam recrutando soldados apareceram, mas não levaram o filho do fazendeiro por conta da sua perna quebrada. Os vizinhos vieram conversar com o fazendeiro e falaram sobre como aquilo era ótimo, e ele respondeu: “Pode ser”.
Esta semana no 21 Milhões Podcast:
(Lembrete: Toda sexta 16:20 tem Live com o Leta no YouTube)
Paulo Fuchs (Tapa da Mão Invisível) - 21 Milhões Podcast #46
Esse supremo, segue cumprindo o seu ethos. Incrível!